Why so serious?
maio 03, 2018
Foto: Lia Rodrigues
Por exemplo, sou a miúda que lê livros sérios (especial preferência por thrillers com muito sangue e cabeças brilhantes e por romances contemporâneos - principalmente de autores portugueses - daqueles assim ao nível de um João Tordo), mas também sou a miúda que passa imenso tempo no ginásio, a treinar, que vibra com bodybuilding e que está a pensar seriamente em competir.
Sou a mãe que vai a todas com os filhos, mas também sou a mãe que lhes tira o comando da televisão quando decide que agora é a sua vez. Sou a mãe que os leva a comer um gelado, mas que os obriga a comer os cogumelos de que eles alegadamente não gostam (mas que comem deliciados quando não sabem que os estão a comer).
Sou a amiga que está lá para tudo, mas que nem sempre tem vontade de estar fisicamente com os amigos (às vezes só quero mesmo o meu sofá).
Sou a mulher que sabe costurar e fazer crochet e tricot, e que é capaz de passar horas a dançar house music numa discoteca (não me convidem para merdas que envolvam rock dos anos 70 e 80, por favor).
Sou a mulher que quer um amor para a vida toda mas que não acredita em amores eternos. Que se apaixona quando menos espera, mas que vira costas sem olhar para trás quando sabe que chegou a hora de ir.
Sou a mulher que perdoa demasiado, mesmo que isso lhe queime as entranhas, e que, por muito que saiba que deve ter vinte pés atrás, esquece tudo e segue porque há coisas mais importantes (ou então há aqui uma lição qualquer que ainda não aprendeu).
Eu sou um montanha de contradições. Mas sou sempre, sempre coerente. E não tenho problema nenhum em mudar de opinião nem em assumir que estava errada. Peço desculpas de olhos nos olhos, quando sou injusta ou quando falho. Tenho a humildade de saber que não sou perfeita (muito longe disso), que falho imenso e que me falta tanta coisa. Mas também sei o que valho e sei que sou suficiente - é uma lição recente, mas está aprendida e não volto a duvidar. Sei que não tenho tudo o que mereço e que talvez tenhas coisas que não mereci assim tanto. Sei que cada guerra serve para me ensinar qualquer coisa. E sei, acima de tudo, que, venha o que vier, eu hei-de sempre, sempre sobreviver.
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